Conferência sobre mudança do Clima em Belém do Pará está dando atenção inédita aos oceanos
- Aldemar Almeida

- 18 de nov.
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Logo na abertura da Cúpula de Líderes da COP30, realizada em Belém, a Enviada Especial da presidência para os Oceanos, Marinez Scherer, fez um apelo enfático por mais investimentos em soluções oceânicas. Segundo ela, menos de 1% do financiamento climático global é destinado aos oceanos — um cenário que precisa mudar com urgência.
“A economia azul movimenta quase US$ 4 trilhões por ano. Se mantivermos o rumo atual, as regiões costeiras podem perder até 20% do PIB até o fim do século. Isso não é um problema de amanhã, é um perigo de hoje”, alertou Scherer.
A especialista destacou o papel vital dos oceanos no equilíbrio climático do planeta. “O oceano cobre 70% da Terra, produz mais da metade do oxigênio que respiramos e absorve 90% do calor gerado pelas nossas emissões. Ignorar esse serviço é comprometer o nosso futuro.”
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em Belém (PA), vem dando atenção inédita aos oceanos, responsáveis por absorver 30% do carbono liberado na atmosfera do planeta. No entanto, a COP30 não discutirá durante eventos oficiais a maior causa de poluição dos mares mundo afora: o plástico, cuja produção ainda emite cerca de 3,4% dos gases causadores do efeito estufa segundo a revista Nature. O plástico representa hoje cerca de 85% de todo lixo que chega aos oceanos. Pelo menos 10 milhões de toneladas do material param nos mares todo ano, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). A previsão é que a quantidade de resíduos triplique até o ano de 2040, comprometendo serviços de regulação climática cumpridos hoje pelo ambiente marinho.
Até 2040, a produção de plástico pode gerar até 2,8 gigatoneladas de carbono ao ano, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Neste cenário, 5% das emissões mundiais de CO2 viriam da indústria do plástico, que passaria a consumir 20% da demanda global de petróleo – matéria-prima de origem fóssil e não renovável.
Apesar disso tudo, em nenhuma das plenárias oficiais da COP30. nem naquelas promovidas pelo Brasil durante o evento, a produção do material – ou a redução dela – será objeto de discussão. Tal ausência é motivo de frustração para ambientalistas que compartilham a visão da conferência sobre a importância dos oceanos para a contenção das mudanças climáticas.







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