Das águas amazônicas às praias do Sul, a SNCT 2025 aproxima o público do universo da ciência
- Aldemar Almeida

- 27 de out.
- 8 min de leitura

Ainda conhecemos pouco do que se esconde nas profundezas do oceano, e cada gota d’água guarda segredos que a ciência nos convida a desvendar. É esse espírito de descoberta que marca a 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que e se espalhou pelas regiões do País e que foi encerrada no domingo Com o tema Planeta Água: a Cultura Oceânica para Enfrentar as Mudanças Climáticas no Meu Território, o evento aproxima comunidades, escolas e centros de pesquisa, mostrando como cada unidade federativa está se engajando em ações para explorar e cuidar melhor de seus rios e mares.
“Hoje, ela é o maior evento de popularização da ciência do Brasil, um verdadeiro patrimônio que cresce e se fortalece com a participação ativa de todos os estados, unindo o País em torno da educação, da pesquisa e da inovação. É a celebração do conhecimento acessível”, destacou a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, durante a abertura, na segunda-feira (20) reforçando o caráter nacional da SNCT e a importância da ciência como ferramenta de transformação social.
Com expectativa de alcançar mais de 100 mil pessoas, de acordo com a Secretaria de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social (Sedes), do MCTI, a semana combina experiências interativas, feiras, palestras, exposições e laboratórios temáticos. Em Brasília, a Esplanada dos Ministérios recebe o público com espaços como o Auditório Oceano, o Laboratório das Marés e a cúpula do Oceanário do Sesc-DF, que promovem experiências imersivas e debates sobre oceanos, mudanças climáticas e cultura científica.
Pelo País, estados e cidades também entram na SNCT com atividades que conectam estudantes, pesquisadores e comunidade, mostrando como a ciência se faz presente no dia a dia e desperta curiosidade em todas as idades. Vale conferir de perto algumas das descobertas e experimentos que estão surgindo em cada região.
Norte
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus (AM), oferece oficinas, exposições e seminários sobre aquicultura, biodiversidade e inteligência artificial aplicada à restauração florestal, envolvendo mais de 2,8 mil estudantes. Entre os parceiros, destacam-se o Projeto Gavião-real e a Associação dos Amigos do Peixe-Boi, que aproximam ciência e comunidade.
Também no Amazonas, em Tefé, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM) reúne exposições, oficinas e atividades educativas para a valorização dos saberes tradicionais da Amazônia. As mostras interativas ocupam diferentes espaços do instituto, abordando temas como as transformações geológicas da floresta, a biodiversidade dos rios e o papel da Amazônia na regulação do clima global.
Em Roraima (RR), estudantes de Rorainópolis e Uiramutã participam de atividades do campus da UFRR, enquanto comunidades indígenas em Bonfim e Alto Alegre recebem oficinas de foguetes e exposições científicas. Palestras noturnas em Boa Vista e a entrega do título honoris causa ao pesquisador Reinaldo Imbrozio Barbosa destacam a articulação entre universidade, ensino básico e sociedade.
No Amapá (AP), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Macapá concentra a programação, que combina debates sobre agricultura espacial, biodiversidade amazônica e impactos da crise climática na foz do Rio Amazonas, com exposições interativas e videoclipes produzidos por estudantes do Programa Afrocientista.
O Instituto Federal do Amazonas (Ifam), em Manaus (AM), reúne oficinas, minicursos e atividades de conscientização sobre os recursos hídricos e a ciência oceânica, conectando estudantes às pesquisas da Década da Ciência Oceânica da Organização das Nações Unidas (ONU) e incentivando a reflexão sobre o papel da floresta e das águas amazônicas na preservação do planeta.
Nordeste
Durante a abertura da SNCT na Bahia (BA), o governador Jerônimo Rodrigues lançou o edital do Prêmio Bahia Faz Cioência de Jornalismo, que reconheceu profissionais e veículos de comunicação que contribuem para a divulgação científica e tecnológica no estado. A iniciativa foi apresentada juntamente com o lançamento da nova edição da Revista Bahia Faz Ciência e a posse do Comitê Intersetorial PopCiência Jovem. Além de Salvador, houve eventos da SNCT programados em diversos municípios baianos, como Camaçari, Itaparica, Juazeiro e Lençóis.
A Universidade Federal da Bahia (UFBA) promoveu oficinas, palestras e sessões do Planetário, abordando a cultura oceânica e os impactos das mudanças climáticas nos territórios locais, incluindo discussões com grupos como o Projeto Baleia Jubarte e o Núcleo de Socioecologia Marinha – Somar.
O campus Recife do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) recebeu a 22ª SNCT com oficinas, minicursos e a 13ª Mostra de Extensão, aproximando ensino, pesquisa e comunidades litorâneas. As atividades estimularam debates sobre sustentabilidade costeira e preservação de ecossistemas marinhos, além de promover projetos inovadores dos estudantes.
O Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene) recebeu em Recife (PE) a etapa regional da 22ª SNCT, com o tema Do Nano à Inteligência Artificial. O evento reúniu cem estudantes de escolas públicas da capital pernambucana, oferecendo acesso a pesquisas em bioplásticos, hidrogênio verde e monitoramento ambiental, além de programas como Futuras Cientistas, Programa Mata Atlântica e IncubaScience.
O Ceará também está movimentando a SNCT, mobilizando estudantes, pesquisadores e a comunidade em uma série de atividades que conectam ciência, tecnologia e sociedade. Até novembro, universidades, institutos federais e centros de pesquisa promovem exposições, palestras, oficinas e minicursos sobre a cultura oceânica, enquanto a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação reforça a participação com os editais Ceará Faz Ciência e o Slão do Inventor Expedito Parente, premiando estudantes e inventores locais e incentivando inovação, criatividade e soluções aplicadas ao território.
No Maranhão (MA), a SNCT 2025 reuniu 23 parceiros no Centro de Convenções da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), oferecendo oficinas de robótica, impressão 3D, informática básica, mostras científicas e atrações culturais, com expectativa de 2 mil visitantes por dia. Na abertura, a Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do estado (Fapema) anunciou R$ 10,5 milhões em três editais.
O campus A.C. Simões da Ufal, em Alagoas (AL), se transformou, até domingo (26), em um laboratório aberto à população, com oficinas de astronomia, robótica, drones e impressão 3D. Atividades em Marechal Deodoro e São Miguel dos Campos reforçam a ciência como ferramenta de transformação social e ambiental, enquanto a capital Maceió recebeu a Semana Tech, com oficinas de empreendedorismo e economia digital.
Na Paraíba (PB), Campina Grande concentrou a programação da SNCT, com cursos gratuitos de capacitação tecnológica, o Recicla Tech e a Lan House Social Campina,aproximando estudantes, empreendedores e comunidade do universo científico e promovendo inovação com impacto social.
O Piauí (PI) mobilizou a Universidade Federal (UFPI), em Picos e Teresina, com palestras, feiras, oficinas e a conferência magna Planeta Água, destacando o papel da ciência na preservação dos recursos hídricos e mitigação dos impactos ambientais na região.
Já no Rio Grande do Norte, as atividades ocorreram no município de Macaíba com a Feira de Ciências e Mostras Científicas do Instituto Santos Dumont (ISD). O evento reúniu estudantes de escolas públicas e privadas no Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra (IIN-ELS) para apresentações de trabalhos, oficinas e experimentos voltados a temas como neurociências, neuroengenharia, cultura oceânica e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A proposta é ampliar o alcance das pesquisas escolares e estimular o diálogo entre ciência e educação, promovendo a troca de experiências entre alunos, professores e pesquisadores.

Evento aberto a estudantes de escolas públicas e privadas de todo o Rio Grande do Norte
Centro-Oeste
O Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá (MT), recebe a programação de Mato Grosso, com oficinas, palestras, exposições e competições. Segundo a Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia do Estado.
Em Mato Grosso do Sul (MS), o Instituto Federal do Estado (IFMS), no campus de Aquidauana, promoveu minicursos, exposições científicas e apresentações culturais, estimulando o diálogo sobre sustentabilidade, inovação e o papel da ciência no cotidiano.
O Instituto Federal de Goiás – Campus Goiânia, integra a Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia à programação da SNCT, com oficinas, palestras e exposições sobre saneamento, mudanças climáticas e preservação de recursos naturais, envolvendo estudantes, pesquisadores e comunidade em atividades práticas e interativas.
A Universidade Estadual de Tocantins (Unitins), em Palmas (TO), promoveu a III Semana de Ciência, Tecnologia e Inovação, incluindo o anúncio do Parque Tecnológico do Tocantins, investimentos em infraestrutura e eventos culturais, como mostras de projetos de pesquisa e festivais culinários, conectando inovação, sustentabilidade e ciência aplicada.
Sudeste
Em São Paulo (SP), a SNCT se espalhou entre São Vicente, capital e Piracicaba, com oficinas, exposições, laboratórios e certificação de escolas que desenvolvem projetos em cultura oceânica, aproximando ensino, pesquisa e gestão ambiental. O Museu Itinerante de Biologia Marinha percorre escolas da região, reforçando o aprendizado prático.
Em São José dos Campos (SP), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) celebrou a Semana com uma programação que transforma o conhecimento em experiência, de 19 a 25 de outubro. O destaque é o Inpe Portas Abertas, que encerra a semana com visitas aos laboratórios e exposições do instituto, permitindo que os visitantes conheçam de perto maquetes de satélites, telescópios e experimentos científicos.
O Espírito Santo (ES) promoveu a 1ª Mostra de Ciências em Colatina e a XIII Semana de Ciência e Tecnologia do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) em Cariacica, incluindo planetário, experiências de realidade virtual e palestras sobre sustentabilidade e cultura oceânica, mobilizando mais de 5 mil pessoas de acordo com o Governo do Estado.
Minas Gerais (MG) envolve diversos campi do Instituto Federal do Estado (IFMG), com oficinas, palestras, mostras culturais e a I Feira de Ciências e Saberes, premiando projetos inovadores e fortalecendo a relação entre ciência, sociedade e território.
No Rio de Janeiro (RJ), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Jardim Botânico receberam oficinas, exposições, visitas guiadas e palestras sobre preservação de recursos hídricos, biodiversidade marinha e cultura oceânica. Segundo o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, entre as atrações estão a baleia inflável de 16 metros, oficinas de argila e jogos educativos, conectando ciência, inovação e educação ambiental, além disso, o Centro de Tecnologia Mineral (Cetem) realizou mais uma edição do Cetem de Portas Abertas. Durante dois dias, os visitantes participaram de demonstrações e atividades interativas.
Ainda no Rio de Janeiro, o Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) participaram da 22ª SNCT com atividades que aproximam o público da pesquisa e da inovação. O INT promoveu, nos dias 22 e 23, o INT de Portas Abertas, que convida visitantes de todas as idades a conhecer projetos que unem ciência, sustentabilidade e desenvolvimento — como bioprodutos do mar e da terra, geração de biogás, tratamento de água e novos materiais que reduzem impactos ambientais.
Já o Mast, de 22 a 25 de outubro, transformou seus espaços em um grande observatório de curiosidades científicas, com observações astronômicas, lançamentos de foguetes, sessões inclusivas de planetário, quiz sobre mudanças climáticas e visitas mediadas, tudo inspirado no tema Planeta Água: a Cultura Oceânica para Enfrentar as Mudanças Climáticas no meu Território.
Sul
O Instituto Federal de Santa Catarina Campus Tijucas (IFSC-Tijucas) promoveu atividades que conectam ciência, cultura e comunidades tradicionais, com oficinas, palestras e apresentações de Boi de Mamão, Mar de Histórias e ações em Quilombo do Valongo, reforçando a integração entre água, território e cultura oceânica.
No Rio Grande do Sul (RS), a Universidade Federal do Rio Grande (FURG) teve uma programação repleta de feiras científicas, hackathons e apresentações culturais em cidades como Rio Grande, Santo Antônio da Patrulha, São Lourenço do Sul e Santa Vitória do Palmar, abordando gestão das águas, inclusão social e valorização da ancestralidade.
Cada ação nos estados é como uma gota que, juntas, formam um oceano de descobertas. Oficinas, exposições, palestras e experiências imersivas conectam estudantes, pesquisadores e comunidade, mostrando que a ciência está presente em cada canto do Brasil e em cada aspecto do nosso cotidiano. É um convite para mergulhar no universo do conhecimento e explorar curiosidades.
A SNCT foi promovida pelo MCTI, sob a coordenação da Sedes, e contou com o patrocínio de Financiadora de Estudos e Projetos (Finep); Huawei do Brasil Telecomunicações Ltda; Caixa Econômica Federal; Positivo Tecnologia S.A.; Conselho Federal dos Técnicos Industriais (CFT); Banco do Nordeste do Brasil S.A. (BNB); Conselho Federal de Química (CFQ); Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur); Comitê Gestor da Internet no Brasil / Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (CGI.br e NIC.br) e Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (Aiab).
Com informações da 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT)






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