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Viva as festas juninas!

  • Foto do escritor: Aldemar Almeida
    Aldemar Almeida
  • há 2 dias
  • 3 min de leitura

Padre João Medeiros Filho



A teologia cristã ensina que as festas têm uma dimensão sacramental, remetendo à felicidade do Paraíso Celestial. Despertam sentimentos de júbilo e exaltação. Os festejos juninos, natalinos e dos padroeiros de nossas paróquias são réstias do Infinito, acenos do Eterno, janelas da Beleza inaudita e perene. Eles mostram o lado bom da existência, em meio a tantos sofrimentos, dores e provações.


Os brasileiros estão se tornando tristes. Basta olhar seus rostos nas ruas e ouvir os desabafos. Sempre foram sadiamente irreverentes, bem-humorados, enriquecendo o folclore e o anedotário. Assim o diga nosso confrade Valério Mesquita, colecionador exímio de “causos” verídicos. Numa maior ou menor escala, todos têm sido afetados pela grave situação ético-moral e político-econômica pela qual passa o Brasil. Os acontecimentos desconcertantes e absurdos, que vêm à baila cotidianamente, fazem imaginar que se vive um pesadelo. Muitos ficam paralisados, atônitos e impotentes, restando-lhes a indignação. Para os que têm fé, há um convite à oração, suplicando dias melhores. Verifica-se uma inação coletiva diante dos escândalos. As coisas não vão bem, mas os cristãos devem revestir-se de fortaleza e coragem, dons espirituais que lhes são conferidos por Deus. Os otimistas acreditam que o país está sendo passado a limpo. Para outros, parece que a faxina sequer começou. Segundo observadores, descobriram-se apenas ninhos de ratos escondidos nos porões das instituições, roendo a nação, seu patrimônio e dignidade. Não falta quem se regozije e tripudie dos cidadãos, amparado na “lacuna iuris”.

Iniciado junho, há uma oportunidade de euforia e lazer para muitos. O brasileiro é, por índole, alegre. As festas juninas recordam o passado, ao celebrar suas tradições. Demonstram que as decepções sofridas e as vilezas vividas não conseguiram eliminar da alma o brilho da vida e o sorriso de seu semblante. Na pluricultura que o enaltece como povo, tem-se a oportunidade de construir o futuro. Existe a fé. Esta fortalece e faz lembrar as palavras de Cristo: “Confiança, eu venci o mundo” (Jo 16, 33). As festividades juninas demonstram a resiliência de uma gente que sofre, mas sabe alegrar-se e esperar dias felizes. Neste mês, os tradicionais folguedos em honra de Santo Antônio, São João e São Pedro podem trazer novo ânimo. Que o contentamento e a paz nos arrebatem! É evidente que o fato de festejar, por si só, não proporciona a solução de problemas estruturais. O pão está em falta na mesa de tantos, que tampouco se “saciam apenas com o circo”, segundo a metáfora romana. A festa – como um rito que retira da rotina – arrebata-nos das preocupações ou tristezas, mergulhando-nos naquilo que a existência humana é chamada a ser: solidariedade e comunhão.

Nosso cotidiano, tão marcado pelas injustiças e desigualdades, passa a ser enaltecido pela esperança da superação de problemas que nos afligem. Festejando, seja com muitos ou parcos recursos, a alegria nos invade, revelando que a vida pode ser boa e plena, como dom gratuito de Deus. A festa é um grito no ar, dizendo que o existir humano é divino e os maus não poderão destruí-lo, pois “só Deus é o Senhor da História”. Eis a mensagem cristã. Festejar é tornar a existência humana valorosa e risonha, cheia de sentido e entusiasmo. E isso é cristão, pois Jesus veio ao mundo para tirar o homem da violência e escravidão, do desespero e da morte. “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em plenitude” (Jo 10,10).

“Nada poderá me abalar. Nada poderá me derrotar, pois minha força e vitória têm um nome: é Jesus”, assim canta-se nas igrejas. A virtude teologal da esperança nos fortalece, sendo capaz de construir um novo tempo. Isso não significa acabar com as ambiguidades inerentes ao ser humano. Trata-se de fazer com que o Bem floresça e o Mal, que tenta acabrunhar muitos, perca seu poder e vigor. A fé reafirma valores, legitima o que nos dignifica, superando o que pode nos oprimir e descaracterizar. Que este mês nos alegre e faça de nossa vida uma festa maior, expulsando o Mal e celebrando o que há de mais belo dentro de nós: a presença de Deus, pois “Ele está no meio de nós.”
















 
 
 

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